domingo, 21 de julho de 2013

O homem de aço

Muita expectativa se criou em relação a nova versão cinematográfica de Superman, um dos heróis mais curtidos no universo dos quadrinhos que não tem, ainda, o brilho que merece nos cinemas. O novo “O homem de aço”, dirigido por Zack Snyder (que foge de seu estilo implantado em “300” e “Wachtmen”) e produzido por Christopher Nolan (trilogia do novo “Batman” e “A origem”), tem produção grandiosa e possui conteúdo mais coerente em relação aos longas anteriores, mas carece de impacto que é peculiar do carismático personagem.

“O homem de aço” é quase uma recriação de Superman. Os realizadores optaram em contextualizar algumas características do herói, reorganizaram detalhes narrativos da cinessérie e foram cautelosos no processo de adaptação para a sétima arte. Isso fez com que a estória do famoso protagonista se tornasse um produto com argumentos mais convincentes e de premissa ‘marco zero’ mais aceitável. A trama mais didática, norteada com flashbacks pontuais do passado de Clark Kent, e o roteiro sem tantos furos também favoreceram para que o longa tivesse uma estrutura mais sólida que os anteriores.

A interseção entre os filmes, claro, é o conceito de ‘salvador’, que aqui é ainda mais acentuado. Se “O homem de aço” ganha em técnica e em coerência narrativa, os antigos se mostravam mais emblemáticos e emocionalmente mais fortes, principalmente com a sintonia da contagiante trilha sonora original de John Williams, que foi cortada desta refilmagem. Aqui, a música é assinada por Hanz Zimmer e soa de forma pretensiosa, mas é tímida e não decola como deveria.

A música em Superman, diga-se de passagem, é tão importante que, nos antecessores, ela ditava a emoção e o arrepio em cenas de ação. Isso foi um dos acertos da ‘produção-homenagem’ de Brian Singer, no último “Superman - O retorno”, que conseguiu trazer a nostalgia do herói e apresentar imponentes sequências de salvamento mesmo tendo um conteúdo irregular. “O homem de aço” também possui esses momentos de ‘ajuda social’, que também tem lá sua grandiosidade, mas o herói age de forma descaracterizada o que faz de algumas situações não serem tão simbólicas ou impactantes.

O ator Henry Cavill foi bem como Kal-El\Clark Kent, mas a capa vermelha ainda pertence ao insuperável Christopher Reeves, o melhor Superman da saga. O elenco de estrelas, principalmente Russell Crowe (Jor-El) e Kevin Costner (Jonathan Kent), também está em plena forma. O destaque nas interpretações é Michael Shannon, que faz o vilão General Zod e o interpreta com maestria.

No geral, “O homem de aço” é o melhor dos Supermans, não por ter efeitos visuais espetaculares e longas cenas de ação, mas por ser narrativamente mais assertivo e intenso em relação às outras adaptações. O 3D, infelizmente, decepciona e não acrescenta em nada, já que são poucos os momentos em que este efeito funciona. Que venham as continuações!

O homem de aço (The Man of Steel)
EUA, 2013 - 143 min.
Ação / Ficção científica
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Christopher Nolan, David S. Goyer
Elenco: Henry Cavill, Diane Lane, Amy Adams, Michael Shannon, Kevin Costner, Ayelet Zurer, Russell Crowe, Harry Lennix, Lawrence Fishburne, Christopher Meloni, Antje Traue, Richard Schiff
Cotação: * * * *

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