segunda-feira, 22 de maio de 2017

Alien: incertezas de Prometheus a Covenant

Cuidado, o texto pode conter spoilers! "Alien: Covenant" é uma sequência direta de "Prometheus" e que também é um prelúdio de "Alien, o 8º passageiro", todos dirigidos por Ridley Scott. Assim como o filme anterior, o novo longa sobre as origens de Alien tem uma boa execução, mas possui um roteiro que deixa a desejar pelo número de perguntas sem respostas.
 
A premissa é muito boa e abre uma interessante discussão sobre criador e criatura. Em "Prometheus", vemos uma raça alienígena de grandes corpos brancos, parecidos com os seres humanos, nomeada de Engenheiros. Eles são seres colonizadores de planetas e foram os responsáveis pela vida na Terra.
O curioso é que eles criam experimentos (como o líquido que um deles bebe na introdução de "Prometheus") que, ao se misturarem com o próprio DNA, proporcionam a existência de novas raças de seres vivos.
 
A nave dos Engenheiros é encontrada abandonada em estranhos planetas em "Alien, o 8º passageiro" e, também, em "Prometheus" (no caso, é uma lua). Aí está uma das perguntas não respondidas: como as naves foram parar nesses astros? Alguma coisa aconteceu e isso não foi explicado. Além disso, a tal lua de "Prometheus" parece ter uma espécie de base dos Engenheiros que também não teve explicação.
 
Dentro da nave dos Engenheiros, em "Prometheus", há diversos objetos semelhantes a vasos com patógenos alienígena em forma de gosma preta que serve para desconstruir DNAs e criar vida (também serve como um veneno para destruir a criação). Com isso, pressupõe-se que novas espécies de seres vivos estavam sendo desenvolvidos para povoar planetas inabitáveis. Outras perguntas surgem sem respostas: qual era a intenção de se criar tantas espécies de seres vivos? A mando de quem? Qual é a origem dos Engenheiros?
 
Quando os tripulantes de Prometheus descobrem a tal nave dos Engenheiros, todos aqueles experimentos são descobertos. É aí que surge a figura de David, um andróide da Weyland Corp que desperta a curiosidade em torno da discussão 'criador e criatura', momento que pode ser conferido, de maneira mais direta, na cena inicial de "Alien: Covenant". Ele é a peça chave para o início do desenvolvimento da raça do Alien quando, sorrateiramente, coloca uma gota da tal gosma preta na bebida de um dos cientistas para ver o que acontece. Assim inicia-se as derivações das várias mutações genética do xenomorfo até chegar ao visual que conhecemos.
 
A obsessão de David o levou ser de criatura a criador ao continuar o trabalho dos Engenheiros manipulando a tal gosma preta. Em determinado momento de "Alien: Covenant", e que também pode ser conferido no curta metragem "Alien: Covenant - Prólogo: O Cruzamento", descobrimos o que de fato aconteceu com Elizabeth Shaw e David logo após terem alçado voo com a nave dos Engenheiros no final de "Prometheus". A cena é breve e retrata o quão David está obcecado em se tornar um criador. Não vemos o falecimento de Elizabeth Shaw, mas vislumbramos a finalidade de sua morte que foi brutalmente planejada por David que a faz de objeto de estudo e cobaia para a criação da criatura perfeita.
 
Entre "Prometheus" e "Alien: Covenant", há um hiato de 10 anos. Nesse intervalo, muitas questões ainda seguem sem respostas. Mais uma pergunta: o que se deve o rápido crescimento de Alien, já que em questão de minutos o filhote se torna adulto? Além disso, furos de roteiro ainda persistem e isso incomoda muitos fãs da franquia.
 
O que poderia render produtos de cunhos mais científicos por causa do ótimo enredo, ambas as produções preferem valorizar a violência gráfica, o suspense e o terror a bordo para revisitar o clássico de 1979, segmentos que são mais rentáveis nas bilheterias. Assim, há pouco desenvolvimento de personagem, clichês do gênero pipocam na tela e colocam um bando de cientistas em cena só para morrer. Aliás, somente David tem uma certa profundidade. Se ainda há diversas respostas a serem mostradas, esperamos que elas apareçam no terceiro e último prelúdio de "Alien, o 8º passageiro".