segunda-feira, 19 de março de 2012

Borat: o segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América

“Borat: o segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América”, dirigido por Larry Charles, é uma comédia atípica. A estrutura narrativa de formato amadoramente televisiva e as abordagens de diferentes culturas chamam a atenção para o longa, mas o grande destaque é a pegada forte na comédia. Entretanto, o elemento que sobressai  é o mesmo que prejudica: o humor desequilibrado.

O filme é uma espécie de falso documentário sobre um repórter de TV do Cazaquistão, Borat Sagdiyev, que viaja aos Estados Unidos a fim de fazer uma reportagem sobre a cultura e os costumes dos habitantes daquele país. Com índole ‘politicamente incorreta’, Borat entrevista diversas pessoas e grupos sociais no intuito de provocá-los para obter inesperadas respostas sobre o comportamento dos norte-americanos.

O grande barato da produção é que praticamente tudo é no improviso e de ações arriscadas e as respostas dos entrevistados, que se chocam com a acidez de Borat, são sinceras e reais. É com essa incrível ideia que o roteiro promove o riso. No entanto, isso também é o ponto negativo do filme que apresenta equívocos nas gags que fazem o espectador rir.

A comédia politicamente incorreta e despojada vai do humor negro inteligente ao ‘pastelão de banheiro’ em segundos. Há momentos de pura gargalhada e, na sequência, há uma ‘pegadinha’ grosseira que quebra o ritmo da risada. A piada sem graça pode soar de forma desrespeitosa (machismo e antissemitismo estão na pauta), debochada e exagerada, o que faz o longa oscilar entre uma jornada cultural interessante e uma experiência cômica boba.

É notável a atuação de Sacha Baron Cohen como Borat. Ele incorpora com carisma o que o personagem tem de mais excêntrico, provocador e engraçado, como em suas estranhas e ousadas ações, o excesso de ingenuidade e a caricatura (diz o ator que o personagem foi inspirado no comportamento de um médico russo que conheceu e que era hilário por natureza sem a intenção de fazer rir). Tanto é que seu desempenho recebeu uma merecida indicação ao Globo de Ouro.

No fim das contas, “Borat” pode não ser uma obra prima da comédia, mas foi cultuada pelo mundo ao cumprir sua missão: mostrar o quanto a sociedade norte-americana é hipócrita.

Borat: o segundo melhor repórter do glorioso país Cazaquistão viaja à América (Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan)
EUA/ING/2006 - 82 minutos
Comédia
Direção: Larry Charles
Roteiro: Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Peter Baynham, Dan Mazer
Elenco: Sacha Baron Cohen, Ken Davitian, Pamela Anderson
Trailer: clique aqui
Cotação: * * *