sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"O Discurso do Rei"

‘Superação de limites’ é um dos clichês temáticos mais explorados pelo cinema. Isso, no entanto, não tem como fugir de obras cinematográficas, pois a história do ser humano é marcada por desafios e pela luta para vencer obstáculos. “O Discurso do Rei” não foge disso e faz um retrato elegante de um Rei gago na década de 30 que busca superar o que lhe atormenta.

O príncipe britânico George VI (Colin Firth) sofre de gagueira, o que o prejudica discursar para o povo ao representar o Rei em determinadas ocasiões. Após o insucesso com diversos médicos, sua esposa (Helena Bonham) decide ajudá-lo e o leva para um terapeuta (Geoffrey Rush) que o trata por meio de um método pouco convencional. Essa relação entre ‘médico e paciente’ se torna um forte vínculo e de suma importância quando George se torna Rei e precisa realizar o tal discurso do título.

“O Discurso do Rei” utiliza a simplicidade para fazer um filme ‘certinho’, a começar pelo convencionalismo narrativo (inspirado em fatos reais) que explora o clichê do personagem que tem algum ‘defeito’. A direção de Tom Hooper, que aplica diversos ângulos plongées e enquadramentos assimétricos (coloca o protagonista sempre no canto da tela), é beneficiada por um roteiro encaixadinho de David Seidler, o que facilita a inserção de sensibilidade na condução de situações.

Falando nisso, o roteiro é um dos destaques da produção ao retratar, com paixão e bons diálogos, o contexto radiofônico e a relação psicológica entre os protagonistas que resulta num belo exercício sobre amizade, superação e autoconfiança. Além de boa reconstituição de época com figurinos e direção de arte competentes, outro fator que eleva a elegância do filme são as atuações de Colin Firth e do simpático Geoffrey Rush, ambas dignas de Oscar.

Apesar do lugar comum, “O Discurso do Rei” é um trabalho cinematográfico seguro e de grande valia por sua composição histórica, como ocorre no clímax. Tom Hooper prova que investir numa condução burocrática e em roteiros menos complexos podem proporcionar bons resultados, ainda que as obras não sejam surpreendentes e nem ousadas.

O Discurso do Rei (The King's Speech)
Inglaterra, Austrália, EUA, 2010 - 118 minutos
Drama
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi, Michael Gambon, Guy Pearce, Claire Bloom, Tim Downie, Timothy Spall, Robert Portal, Richard Dixon, Paul Trussell, Adrian Scarborough, Andrew Havill, Charles Armstrong, Roger Hammond
Trailer: clique aqui
Cotação: * * * *

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