segunda-feira, 24 de junho de 2019

Toy Story 4

Ahhh Pixar! Você dificilmente erra. Aliás, ainda não errou. Talvez os longas menos prestigiados - que tem lá seus defeitos, mas não são ruins - sejam “Carros 2 e 3”. Quando eu achava que a saga dos famosos brinquedos que ganham vida já tinha se encerrado brilhantemente em sua terceira parte, vocês me aparecem com “Toy Story 4”. É... vocês conseguiram novamente!
 
O quarto longa de Woody e sua trupe é tão fantástico quanto seus antecessores. Todos os quatro filmes seguem a mesma cartilha moral na narrativa. O primeiro mostra o drama de um brinquedo que tem medo de ser trocado por outro mais novo. O segundo mostra uma jornada de autoconhecimento de Woody ao ser sequestrado por um colecionador de brinquedos. O terceiro entra de cabeça em questões familiares e na compreensão de valores enquanto brinquedo aliando a despedida e a aceitação de novos ‘donos’.
 
Em “Toy Story 4” mostra o amadurecimento por completo do cowboy em uma jornada especial: resgatar o novo ‘amigo’ de sua dona e fazer com que ele saiba a sua importância como brinquedo. Assim como nos outros longas, há uma repetência na aventura (resgate e ‘volta para casa’), em alguns diálogos e na discussão de valores. Isso, no entanto, não se torna cansativo devido ao macro ambiente estabelecido pelo roteiro. A cada nova animação, a geometria dos eventos é ainda maior e com cenários mais desafiadores (vide o parque de diversões e o sombrio antiquário). É a velha receita feita de uma forma diferente, mas que resulta no mesmo e delicioso produto de sempre.
 
Desta vez, a trama fica estritamente centrada em Woody e no Garfinho, o novo brinquedo que servirá de inspiração para uma nova e bela lição. Buzz e os outros brinquedos são meros coadjuvantes, porém com alguma relevância nos acontecimentos do enredo. Vemos em Woody uma figura completamente madura e sabendo lidar com os conflitos coletivos que teve nos longas anteriores. Mesmo assim, com a ajuda de uma importante personagem (que representa a parcela ‘girl power’ do filme), ainda resta um espaço em seu interior para se discutir outros valores e atribuições.
 
Os temas também se repetem, porém continuam importantes, como a união, o respeito, fazer o bem, a compreensão de mundo e a missão como brinquedo (criar memórias na infância da criança), entre outros. Entretanto, o roteiro dá prioridade a novos conteúdos, como sacrifício, cumplicidade, a importância do acolhimento e sua inserção social, a busca da felicidade, do amor e a realização de um sonho.
 
O que faz a Pixar ser assertiva nesta quarta aventura é que tudo é bem amarrado e bem feito mesmo sendo repetitivo na maioria de seu material. A visão de mundo dos personagens e suas humanizações são tratadas com sensibilidade e dramaticidade inquestionáveis. Isso proporciona empatia e emoção (e como tem emoção!). Aliado a isso, há vários e divertidos easter eggs (sejam eles brinquedos nostálgicos ou referências a outros filmes da franquia) e um bom humor equilibrado que agradam crianças e adultos.
 
Por fim, vale mencionar o visual de cair o queixo! A qualidade técnica da animação impressiona, principalmente nas texturas, seja nos brinquedos, na paisagem, nos objetos em cena ou nos ‘cenários externos’. Há momentos que tudo parece ser real e só damos conta que se trata de animação quando aparecem os traços cartunescos dos seres humanos. Além disso, a luz está mais vibrante aqui, com muitos tons coloridos em harmonia, o que deixa o longa ainda mais bonito de se ver.
 
É Pixar, você conseguiu mais uma vez! Não sei se “Toy Story 4” finalizou um ciclo e reiniciou outro, mas só sei que se tiver uma quinta parte vou estar no cinema para prestigiar, seja com velhos ou novos brinquedos.
 
Toy Story 4
2019 – EUA, 100 minutos
Infantil / Animação / Aventura
Direção: Josh Cooley
Roteiro: Andrew Stanton, John Lasseter, Lee Unkrich, Pete Docter, Rashida Jones, Will McCormack
Elenco (vozes originais): Annie Potts, Joan Cusack, Tim Allen, Tom Hanks, Betty White, Blake Clark, Bonnie Hunt, Bud Luckey, Christina Hendricks, Estelle Harris, Jeff Garlin, Jeff Pidgeon, Jodi Benson, Jordan Peele, Keanu Reeves, Keegan-Michael Key, Kristen Schaal, Laurie Metcalf, Lori Alan, Madeleine McGraw, Michael Keaton, Patricia Arquette, Tony Hale

Cotação: * * * *