sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Bohemian Rhapsody

Muita expectativa foi gerada com a chegada do filme "Bohemian Rhapsody", a cinebiografia da empolgante banda inglesa Queen. O conjunto marcou, não apenas uma geração inteira, mas a indústria da música. A ousadia, a criatividade musical e a extravagância de seu vocalista eternizaram a banda como um dos fortes ícones da música pop.
 
Queen tem cadeira cativa no cenário musical dos anos 70 e 80. A ascensão da banda se deve à figura carismática e 'porra louca' de Freddie Mercury. E esse é o cenário proposto pelo filme ao apresentar duas narrativas em uma: contar a historia do conjunto musical, seus sucessos e suas inspirações e retratar o ego e o drama de seu cantor.
 
O roteiro entrelaça as tramas desde 'quando tudo começou' até o marcante show Live Aid, em 1985. A trajetória de Freddie não foge do clichê da história sobre cantores famosos ao abordar temas como o preço da fama, sexualidade, rebeldia, amizades e os relacionamentos ruins (e suas consequências). Inclusive, há uma clara intenção de não polemizá-lo. Talvez, por isso, há uma certa rapidez nos assuntos mais ásperos sobre sua carreira. Não me incomodou, mas isso pode gerar alguma estranheza por parte dos fãs mais exigentes.
 
Embora a trama do vocalista não tenha sido tão satisfatória, todos os defeitos dela 'somem' quando a banda entra em cena. Além de mostrar curiosidade de bastidores, a sonoridade e os principais hinos aparecem em tela com muito vigor. É de arrepiar o resultado do trabalho da engenharia de som ao organizar com eficiência o encaixe das músicas nas cenas. Sem falar na qualidade ímpar dos acordes mais graves. Impossível não se emocionar em diversas passagens, principalmente com o clímax, que recria com competência, o marcante show Live Aid.
 
"Bohemian Rhapsody" é bem produzido, a reconstituição de época é convincente, a fotografia está OK, o humor rasteiro não compromete e, no geral, o longa acerta mais do que erra. O maior erro, talvez, seja uma falha cronológica de um show que apenas alguns notarão. Entretanto, como se trata de uma adaptação, isso não atrapalha na narrativa. A direção de Bryan Singer/Dexter Fletcher (Singer pulou fora da produção com 80% do filme concluído e Fletcher finalizou), embora seja burocrática, imprime bom ritmo e a 'passagem de bastão' entre os cineastas é imperceptível.
 
Ahhh, claro, o elenco. Todos estão fantásticos e com visuais parecidíssimos com os originais! O destaque é Rami Malek que encarnou Freddie de uma maneira absurdamente semelhante. Todos os trejeitos estão perfeitos. Malek equilibra com muito talento a execução de um performista com as emoções dramáticas de uma atuação. Espero que ele seja lembrado nas premiações de 2018 e 2019. No mais, 'vida longa a Rainha'!
 
Bohemian Rhapsody
2018, EUA/GRA - 130 minutos
Drama
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Anthony McCarte, Christopher Wilkinson, Peter Morgan, Stephen J. Rivele
Elenco: Rami Malek, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aaron McCusker, Aidan Gillen, Allen Leech, Gwilyn Lee, Lucy Boynton, Mike Myers, Tom Hollander
Cotação: * * * *