domingo, 17 de julho de 2016

Caça-Fantasmas

Esqueça toda a polêmica criada em torno  da feminização da premissa e da repercussão negativa do trailer de “Caça-fantasmas”. Essa nova versão não deixa nada a desejar em relação ao original e diverte com a mesma eficiência, claro, cada um à sua maneira e época.

Sou fã do filme original, mas seria saudosismo de minha parte dizer que o primeiro “Caça-fantasmas” não envelheceu. O longa de 1984 marcou época com efeitos visuais, com a ousadia em misturar gêneros e deu um ‘up’ na carreira de Bill Murray. Entretanto, inevitavelmente, a produção definhou. A boa notícia é que a alma do negócio continua mais viva do que nunca.

A ideia de trocar os protagonistas homens por mulheres foi acertadíssima! Afinal, está na moda dar ênfase ao feminismo no cinema e as novas protagonistas não decepcionam neste reboot. O tom feminista também serve como crítica ao cinema que sempre evidenciou mais o homem como herói ou como um personagem de mais inteligência ao invés da mulher. A representação dessa crítica vem na forma do secretário Kevin, interpretado por Chris Hemsworth, que faz a versão masculina da convenção ‘bela, boba e assediada’.

Na história, duas amigas cientistas, Erin Gilbert e Abby Yates (interpretadas pelas ótimas Kristen Wiig e Melissa McCarthy), que estavam separadas desde o fracasso do livro que escreveram sobre a existência de fantasmas, se reencontram para investigar possíveis aparições fantasmagóricas em Nova Iorque. Ao provarem a existências de seres sobrenaturais, elas descobrem uma ameaça ainda maior que poderia destruir a cidade. Para a missão de salvar os nova-iorquinos, elas recrutam a cientista e inventora Jillian Holtzmann (Kate McKinnon, responsável por roubar várias cenas) e uma funcionária do metrô, Patty Tolan (a engraçadíssima Leslie Jones).
 
O bom roteiro faz homenagens ao clássico inserindo inúmeras referências, incluindo a música tema e pontas de Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson e Sigourney Weaver (o falecido Harold Ramis foi lembrado nos créditos finais). Além disso, a linha cômica, que mistura humor situacional com besteirol, diverte bastante. A maioria das gags funciona e elas ditam o ritmo esperto do longa. Ainda há alguns bons sustos e boa ação, principalmente no clímax.

Tecnicamente, o filme é um primor. Multicolorido e com excelentes feitos visuais, o diretor Paul Feig trabalha com inteligência a utilização do 3D. Embora seja convertido e não filmado, Feig utiliza ângulos e enquadramentos de câmera que favorecem a tecnologia e insere, de maneira pontual na narrativa, cenas de profundidade e objetos que pipocam para fora da tela.

Falando nisso, o diretor ainda mexe no formato de tela e faz das tarjas pretas superior e inferior um aliado para a experiência tridimensional. Na linguagem técnica, “Caça-Fantasmas” é um filme Flat/Widescreen (16:9) que parece Scope/Letterbox (2.40:1). Algumas coisas são exibidas dentro dessas faixas o que valoriza ainda mais o 3D. Tal recurso não é uma novidade. Ang Lee já havia feito isso em "As aventuras de Pi" na cena dos peixes voadores.

Enfim, “Caça-fantasmas” pode não marcar época como o original, mas é contagiante, bem feito e entretém com intensidade. Não saia da sala sem antes ver os divertidos créditos finais e a cena extra ao final da projeção. Que venham mais filmes!

Caça-Fantasmas (Ghostbusters)
2016/EUA – 116 minutos
Aventura/Comédia
Direção: Paul Feig
Roteiro: Paul Feig, Katie Dippold 
Elenco: Chris Hemsworth, Kate McKinnon, Kristen Wiig, Leslie Jones, Melissa McCarthy, Andy Garcia, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Karan Soni, Neil Casey, Sigourney Weaver
Cotação: * * * *