segunda-feira, 12 de agosto de 2019

O Rei Leão (2019)

As primeiras imagens desta versão live action (?) de "O Rei Leão" são espetaculares! O visual dos trailers promocionais é incrivelmente belo e realista. Parecem, inclusive, cenas de algum episódio sobre a vida selvagem exibidos nos canais da TV a cabo, tais como Animal Planet, Discovery Channel e National Geographic. Se a ideia é conquistar o público pela primeira impressão, isso foi um tiro certeiro.
 
Para os fãs da animação 2D dos anos 90, fiquem tranquilos! A história (e seus toques shakespeariano) não foi, essencialmente, alterada. Ainda que tenha quase 30 minutos a mais de duração em relação ao desenho, o filme é um repeteco do que conhecemos e, portanto, não se trata de uma releitura da fábula. Claro, como é uma adaptação, algumas coisinhas sofreram mudanças/inserções ou contextualizações para que certos detalhes tenham coerência em relação a proposta de ser, digamos, 'realista'. Até os números musicais são os mesmos e contextualizados com novas vozes.
 
O problema da produção fica por conta da falta de expressividade dos personagens. Com o hiperrealismo do visual, os trejeitos faciais ficaram mais contidos, mais frios. Com isso, o filme perde dramaticidade na interpretação. As emoções são expressadas de maneira tímida, como leves movimentos na musculatura da boca ou movimentações corporais que imitam o comportamento natural dos animais. As manifestações sentimentais ficam mais evidentes por causa da entonação da dublagem dos atores (todas as vozes originais estão ótimas, diga-se de passagem). Sem uma harmonização com a imagem, apenas a voz não é suficiente para proporcionar o carisma ideal que cada personagem merece.
 
Apesar disso, essa estranha impressão de ver animais 'de verdade' falando ou cantando sem expressar emoção não afeta tanto para quem se encantou com a magia e o traço caricato do clássico. Falando em emoção, essa sensação é proporcionada pelas boas execuções das canções e pela ótima trilha sonora, também contextualiza, de Hans Zimmer. O compositor, inclusive, levou o Oscar na categoria ao assinar as músicas da animação de 1995. Há cenas que dão bons arrepios, principalmente aquelas que sugerem a imponência leonina. Isso acontece devido ao uso pontual da ótima música de Zimmer.
 
E aí, vale a pena? Claro que vale, especialmente pela estética apurada deste ‘live action’ sem humanos. Calma aí, live action? O filme é vendido assim, mas é meio que enganoso. Todo o processo de gravação foi em realidade virtual e com acabamentos de CGI (efeitos gráficos) e de animação 3D computadorizada. É um trabalho ímpar de fotorrealismo que pode ser revolucionário para as produções futuras (cheiro de Oscar 2020 no ar?). Os detalhes de pelos dos mamíferos, os insetos e o movimento da musculatura dos animais são incríveis!
 
Diria que tudo em "O Rei Leão" é uma evolução de "Mogli - O Menino Lobo", ambos dirigidos pelo competente Jon Favreau. "Mogli", certamente, serviu de laboratório para Favreau realizar esta nova versão da icônica animação que encantou a todos nos anos 90. O diretor utilizou as tais quase 'meia hora a mais' para esticar diversas cenas, valorizar as belas paisagens bucólicas e espetacularizar as boas sequências de tensão. Além disso, Favreau homenageia, a todo instante, a obra original com enquadramentos semelhantes.
 
A magia do desenho é insubstituível e marcante. Neste novo "O Rei Leão", a magia é proporcionada pela tecnologia que deixará o espectador deslumbrado pela extraordinária parte técnica.
 
O Rei Leão (The Lion King)
2019, EUA – 120 minutos
Aventura/Musical
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Jeff Nathanson
Elenco: Beyoncé Knowles, Chiwetel Ejiofor, Donald Glover, Ícaro Silva, Iza, James Earl Jones, Seth Rogen, Alfre Woodard
Cotação: * * * *

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