segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Oscar 2016 – Holofotes e DiCaprio

A 88ª edição do Oscar foi marcada, além das críticas à Academia sobre a falta de negros entre os indicados, de retornos dos já consagrados nas cerimônias anteriores, de algumas surpresas e da premiação de diversos favoritos. Os holofotes, de fato, não estavam no aclamado Spotlight, mas em Leonardo DiCaprio que ganhou a tão esperada estatueta de Melhor Ator depois de 5 indicações.
 
'O garoto que sonhou ser um aviador, que sangrou em caçar diamantes e que acabou se tornando um lobista em Wall Street' se submeteu a muitas atrocidades e ataques de urso para ter o prazer da vitória. Sair com as mãos vazias nas outras edições da festa fez DiCaprio ficar mais perdido que Matt Damon em Marte. Seu sofrimento foi mais dolorido que o procedimento cirúrgico do garoto que se transformou numa dinamarquesa. Desta vez, nem as genialidades de Steve Jobs e de Trumbo foram suficientes para tomar seu merecido prêmio.
 
O Oscar foi uma festa de regressos mexicanos. A direção e a fotografia fizeram história nas mãos de Alejandro G. Iñárritu e Emmanuel Lubezki, respectivamente. Iñárritu ganhou pela segunda vez seguida (antes por “Birdman”) e Lubezki pela terceira vez consecutiva (“Gravidade” e “Birdman”)!
 
A Pixar, novamente, retorna ao topo das animações, o que acabou com ‘o mundo do menino’ brasileiro. Curioso foi ver os compatriotas de estúdio divulgar o vencedor da categoria. Apesar disso, Woody e Buzz Lightyear revelaram o ganhador de forma, digamos, divertida.
 
Quem teve que levar carros e caminhões para transportar as estatuetas conquistadas foi “Mad Max: Estrada da Fúria”. O filme de George Miller levou a maioria dos prêmios técnicos, o maior vencedor do ano com 6 Oscars (edição, figurino, maquiagem, design de produção, edição de som e mixagem de som), e fez seus adversários comerem poeira.
 
Outros favoritos não titubearam e garantiram seus troféus. É o caso do único ‘não odiado’ Ennio Morricone que encantou na trilha sonora; “Amy” ressurgiu em documentário; o ‘filho húngaro’ levou como Melhor Filme Estrangeiro e as histórias, adaptada e original, tiveram grandes apostas e nenhum segredo revelado, uma vez que elas já eram as preferidas dos jurados antes mesmo de serem premiadas. Sem falar da atriz Brie Larson que teve uma grande atuação dentro de um pequeno quarto e derrubou suas concorrentes. Esta, sim, é o verdadeiro ‘nome de sucesso’, não é mesmo Jennifer Lawrence?
 
Os imprevistos foram poucos, mas notáveis. A garota dinamarquesa agraciada foi, de fato, a coadjuvante Alicia Vikander, que também atuou em “Ex_Machina”, filme que deixou todos os seus adversários perdidos e a ver estrelas nos efeitos visuais. E o que falar do nocaute do espião Mark Rylance no icônico Rocky Balboa no prêmio de ator coadjuvante? Uma ponte perfeita entre o ator britânico e Spielberg para bater em Stallone, aquele que nasceu para lutar. Por fim, a surpresa da noite foi o quadrado, como um tablóide deve ser, “Spotlight - Segredos Revelados”, que frustrou as apostas de muitos ao vencer na categoria principal.
 
Em meio ao Oscar ‘branco’, não faltaram boas piadas sarcásticas do anfitrião negro Chris Rock e críticas à falta de diversidade racial. Tais apreciações geraram repercussões, injustiças e promessas de mudanças para as próximas edições da festa. Entretanto, toda essa polêmica não foi o suficiente para abafar o tradicional discurso intimista da Academia. Como diria a oscarizada canção de Sam Smith que se vestiu de 007 para interpretar ‘Writing's On the Wall’, a maioria dos prêmios já estava ‘escrito’ ou, pelo menos, previsto, o que prova ainda mais que a falta de diversidade do Oscar, com exceção dos mexicanos, não é apenas racial.
 
 

*Em negrito: referências e/ou trocadilhos com os nomes dos filmes que concorreram ou foram premiados com o Oscar.

*Em itálico: referências e/ou trocadilhos sobre as categorias do Oscar.

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