sábado, 28 de janeiro de 2017

Até o último homem

Como é bom saber que Mel Gibson está de volta como diretor em um filme! Longe dos holofotes a quase 10 anos por causa de problemas pessoais e polêmicas em seu passado, como infelizes declarações anti-semitas e homofóbicas, seus últimos longas na direção foram os excelentes "A Paixão de Cristo" (2004) e "Apocalypto" (2006). Em "Até o último homem", o ator e cineasta regressa com um bom trabalho, apenas atrás das câmeras, e prova que ainda pode nos proporcionar boas produções.
 
Baseado em fatos reais e permeado de misticismo, o bom roteiro de Andrew Knight e Robert Schenkkan conta a história do Desmond T. Doss (Andrew Garfield), um jovem que se tornou médico no exército e ajudou a salvar dezenas de vidas em um confronto sangrento contra os japoneses na Batalha de Okinawa, em 1945, pela Segunda Guerra Mundial.
O curioso é que Doss foi para o campo de guerra sem pegar em uma arma e se tornou o primeiro Opositor Consciente da história norte-americana a receber a Medalha de Honra do Congresso por seu heroísmo.
 
A narrativa se divide em três partes: antes da guerra mostrando as inspirações de Doss e seu relacionamento com uma enfermeira; o treinamento no exército (faltou mostrar sua capacitação mdica) e o sangrento campo de batalha. Essa última parte, Gibson demonstra que ainda está em plena forma e brinda os fãs do gênero com cenas de combate bem conduzida e de qualidade.
 
Tudo tem um realismo impressionante, bastante tensão e muita sanguinolência. Tecnicamente, o filme é arrebatador, em especial a maquiagem e a fotografia que proporcionam verossimilhança ao retratarem a dor e o desespero da guerra com cores acinzentadas (com detalhes em vermelho) e mutilações realistas. A dramatização possui edição ágil, muita emoção e tomadas de câmeras sempre em plano médio que faz o espectador acompanhar de perto a tragédia vivida pelos personagens.
 
"Até o último homem" pode não ser tão intenso ou marcante como os últimos trabalhos de Gibson, mas é uma boa retomada do cineasta ao cinema após um longo hiato na carreira. Além da excelente direção, outro destaque é Andrew Garfield que está em grande atuação. Para quem achou que a temática estava saturada se enganou. Ainda há muitas histórias ou pontos de vista sobre a Segunda Guerra que podem ser explorados.
 
Até o último homem (Hacksaw Ridge)
EUA, 2016 / 131 minutos
Drama / Guerra
Direção: Mel Gibson
Roteiro: Andrew Knight e Robert Schenkkan
Elenco: Andrew Garfield, Hugo Weaving, Luke Bracey, Ryan Corr, Sam Worthington, Teresa Palmer, Vince Vaughn, Benedict Hardie, Ben Mingay, Ben O'Toole
Cotação: * * * *