domingo, 4 de junho de 2017

Mulher-Maravilha

Ficou a cargo de Mulher-Maravilha recolocar o universo DC Comics/Warner no cinema de volta aos trilhos após os insucessos críticos de "Batman Vs Superman - A origem da justiça", filme em que roubou a cena, e "Esquadrão Suicida". A boa notícia é que ela conseguiu! A maior heroína de todos os tempos ganha um longa de origem competente e surpreende com eficiência narrativa e muita beleza em cena.

A conexão de "Mulher Maravilha" com o universo DC no cinema é a tal foto em que a protagonista aparece na época da Primeira Guerra Mundial e que intriga Bruce Wayne, em "Batman Vs Superman". O arco de origem é objetivo: com começo, meio e fim sem deixar pontas soltas sobre a heroína.
 
A introdução nos mostra o refúgio das mitológicas Amazonas, que moram em uma ilha paradisíaca chamada Themyscira que foi escondida pelos deuses do Olimpo. A história é sobre Diana (Gal Gadot), uma jovem princesa superprotegida pela mãe, Rainha Hippolyta (Connie Nielsen), que não a quer ver como guerreira. Sua insistência em se tornar uma lutadora aliada ao incentivo da tia Antiope (Robin Wright), faz com que ela se torne uma das maiores gladiadoras de sua terra. Sua missão começa quando o Capitão Steve Trevor (Chris Paine) cai na ilha em um avião e as Amazonas conhecem a temível grande guerra no começo do século 20. Isso inspira Diana a sair de seu refúgio para caçar Ares, o Deus da Guerra, com o intuito de tentar acabar com o conflito e evitar que mais inocentes morram.
 
A diretora Patty Jenkins não inova, mas faz um trabalho consistente e emblemático sobre a Mulher-Maravilha cuja essência remete a "Superman" (1978), dirigido por Richard Donner e protagonizado por Christopher Reeves. Jenkins acerta no bom ritmo e, também, no tom harmônico, principalmente ao retratar a forte personalidade de Diana e sua pureza em relação ao primeiro contato com a vida alheia dos humanos, o que gera leveza ao longa. A química e o carisma dos ótimos Gal Gadot e Chris Paine ajudam na descontração.
 
Tecnicamente, o filme é deslumbrante. O destaque é a fotografia que esbanja plasticidade, seja nas paisagens ora alegres em Themyscira ora sombria com os tons acinzentados e alaranjados da guerra; nas cenas de lutas empolgantes - um verdadeiro balé de socos e chutes; e nas boas e espetaculares tomadas em câmeras lentas (com toques de Zack Snyder) em que vemos todos os detalhes de movimentos muito bem coreografados pelos atores. Além disso, há muita beleza e vigor em cena que valorizam as ações simbólicas de Diana, vide os momentos em que a Mulher-Maravilha aparece confrontando os alemães no segundo ato do filme ao som da música tema de Junkie XL. É arrepiar de emoção!
 
O roteiro de Allan Heinberg, que fez um delicioso 'feijão-com-arroz' sobre a 'jornada do herói', deixou o caldo azedar no que diz respeito ao desenvolvimento dos vilões. Os antagonistas foram retratados de maneira superficiais e caricatos ao extremo. Os poucos argumentos em cena não convencem sobre suas motivações, especialmente quando surge Ares, responsável pela confusa reviravolta no terceiro ato do longa.
 
No geral, "Mulher-Maravilha" acerta mais do que erra e isso a faz figurar entre os melhores filmes de super-heróis já feitos e o melhor baseado nas histórias em quadrinhos da DC Comics. Esse sucesso traz tranquilidade ao Universo DC Comics/Warner nos cinemas e aumenta as expectativas para a "Liga da Justiça" que está por vir.
 
Mulher-Maravilha (Wonder Woman)
2017, EUA - 141 minutos
Aventura / Fantasia
Direção: Patty Jenkins
Roteiro: Allan Heinberg
Elenco: Gal Gadot, Chris Paine, Connie Nielsen, Robin Wright, Danny Huston, Elena Anaya
Cotação: * * * *