sexta-feira, 27 de abril de 2018

Vingadores: Guerra Infinita

“Vingadores: Guerra Infinita” é o clímax de um ousado projeto da Marvel Studios/Disney, que celebra 10 anos em 2018. Tal concepção reúne os principais heróis de histórias em quadrinhos da editora em um filme evento (talvez seja a maior produção já feita), que promete trazer grandes reviravoltas narrativas para o MCU (Marvel Cinematic Universe/Universo Cinematográfico da Marvel).

Para facilitar o entendimento desta 19ª produção da franquia, é imprescindível que o espectador assista, ao menos, a “Capitão América: Guerra Civil”, “Guardiões da Galáxia Vol. 2” e “Thor: Ragnarok”. Muitos detalhes narrativos aqui, principalmente o início da trama, estão presentes nessas produções. No decorrer do filme, ainda há conexões importantes com “Capitão América: O Primeiro Vingador” e “Pantera Negra”. De um modo geral, “Guerra Infinita” é a consequência de pequenas sementes plantadas ao longo de uma década nas histórias da Marvel Studios, as quais cresceram entrelaçadas para ajudar na construção dessa terceira parte de “Vingadores”.

Uma dessas sementes é o vilão Thanos (interpretado pelo ótimo Josh Brolin),o qual já foi citado ou apareceu em pequenas cenas de outros longas do estúdio. Ele e sua jornada são as principais coisas de “Guerra Infinita”. Aqui, há um excelente desenvolvimento de personagem, bons diálogos, com arco dramático e conexões emocionais bem estruturados. Thanos, embora seja odiável, intimidante e ameaçador, é carismático, sensato e suas determinações, princípios e motivações são claramente eloquentes. Sua missão é conquistar todas as joias do infinito (seis poderosas pedras cósmicas que dão controle total sobre tudo que existe para quem as possuir) no intuito de destruir a metade dos seres vivos do universo com a finalidade de trazer equilíbrio para assim dominá-lo como um Deus.

Falando nas tais pedras, que são acomodadas por Thanos em uma manopla, cinco delas já apareceram. A joia do espaço (vulgo Tesseract, é capaz de criar ‘buracos de minhoca’ e faz seu portador estar em qualquer lugar que desejar), de cor azulada, foi vista em “Capitão América: O Primeiro Vingador”; a joia do poder (ou Orbe, dá acesso a toda energia existente), de cor roxa, apareceu em “Guardiões da Galáxia Vol.1”; a joia do tempo (ou Olho de Agamotto, proporciona total domínio sobre a dimensão temporal), de cor esverdeada, surgiu em “Doutor Estranho”; a joia da mente (foi a gema do Cetro Chitauri de Loki e agora está na testa do Visão – dá acesso a todos os pensamentos e sonhos de qualquer ser), de cor amarelada, esteve em “Vingadores”; e a joia da realidade (ou Éter, pode quebrar qualquer lei do universo físico), de cor avermelhada, foi revelada em “Thor: O Mundo Sombrio”. A sexta joia, a da alma, de cor alaranjada, é a única que falta aparecer e é o grande mistério a ser desvendado (ainda que merecia ter uma explicação melhor, a aparição de seu guardião deixará muita gente surpresa).

Embora Thanos tenha uma participação expressiva na narrativa, ainda há espaços para encaixar dezenas de heróis em cena (dois deles não aparecem - mas são citados - e a presença do Gigante Esmeralda é econômica). E o fator ‘organização’ é algo que fascina tanto pelo roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely, que é inspirado na HQ ‘Desafio Infinito’ e, claro, na mitologia criada por Stan Lee e Jack Kirby, como na direção dos Irmãos Joe e Anthony Russo, os mesmos que estiveram à frente de “Capitão América: Soldado Invernal” e “Capitão América: Guerra Civil”.

Há uma harmonia na exposição de subtramas os quais são organizadas em núcleos de ações que promovem crossovers inéditos de personagens. O mais interessante é que o roteiro diverte o público com essas interações e se adequa ao tom já estabelecido de cada herói, sem perder o espírito de equipe. Por exemplo, quando os Guardiões e Thor estão em cena, há uma atmosfera de zoeira; quando Wakanda está em foco, há sobriedade na narrativa; quando Bruce Banner, Tony Stark, Peter Parker e Doutor Estranho aparecem, há muita descontração; e, quando é preciso se ter mais seriedade na história, essa essência é inserida em momentos pontuais, em especial quando a trama valoriza o protagonismo de Thanos.

Equilíbrio, também, é a palavra que define a direção dos Irmãos Russo. Toda ação é bem amarrada e realizada de maneira tensa e grandiosa. Há momentos espetaculares que empolgarão os espectadores, seja em micro ou em macro escala. Assim, do mesmo modo, são tratadas as consequências que são catastróficas, impactantes e surpreendentes, o que contribui para que “Guerra Infinita” ganhe status de épico. Tudo isso é orquestrado por um ritmo incansável que farão as 2 horas e 30 minutos de duração passarem em um 'estalar de dedo'.

Como nos filmes anteriores, o longa é tecnicamente formidável (os efeitos visuais, em especial a maquiagem digital de Thanos, são bastante convincentes - há poucos momentos em que o CGI e as cenas em chroma key ficam artificiais), possui inúmeros easter eggs e traz novidades tecnológicas de alguns heróis, como os novos trajes de Homem de Ferro e Homem-Aranha, os escudos do Capitão América e a nova arma de Thor. Enfim, “Vingadores: Guerra Infinita” é um filme episódico e, portanto, vamos conhecer o final desta história somente em sua quarta parte já anunciada para maio de 2019, que dará o pontapé inicial no desenvolvimento e na interação de novos personagens dentro do MCU, que o diga a única cena pós-crédito!
 
Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War)
2018, EUA – 150 minutos
Aventura/Ação
Direção: Joe Russo e Anthony Russo
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Elenco: Josh Brolin,  Robert Downey Jr., Anthony Mackie, Benedict Cumberbatch, Chadwick Boseman, Chris Evans, Chris Hemsworth, Chris Pratt, Dave Bautista, Don Cheadle, Elizabeth Olsen, Mark Ruffalo, Paul Bettany, Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Tom Holland, Zoe Saldana, Benedict Wong, Benicio Del Toro, Bradley Cooper, Gwyneth Paltrow, Idris Elba, Peter Dinklage, Samuel L. Jackson, Terry Notary, Tom Hiddleston, Vin Diesel, William Hurt
Cotação: * * * * *