domingo, 20 de outubro de 2019

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

“O Exterminador do Futuro” foi um ícone da ficção científica em 1985. Sua continuação, “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” (1991), se tornou um marco para o cinema, principalmente pela evolução dos efeitos digitais e pela direção criativa de James Cameron. É um filme que impressiona até hoje! As carreiras de Cameron e Arnold Schwarzenegger (não há um ator melhor para interpretar um robô como ele) foram impulsionadas após o sucesso desses longas.
O destino da franquia mudou de rumo quando James Cameron se divorciou de Linda Hamilton no final dos anos 90, atriz que interpreta a protagonista Sarah Connor nas primeiras produções.
Com isso, Hamilton ganhou os direitos dos filmes em um acordo de divórcio e os vendeu. Após passar por diversas empresas, os direitos foram aproveitados pela Skydance Productions e Annapurna Pictures, que acabaram fazendo uma trilogia (“A Rebelião das Máquinas”, “A Salvação” e “Gênesis”). Após 20 anos, o controle criativo da franquia voltou para as mãos de James Cameron, que resolveu produzir “O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio”.
Ocupando o cargo de produtor, Cameron informou que “Destino Sombrio” ignora a nova trilogia e é uma continuação direta de “O Julgamento Final” trazendo, inclusive, Linda Hamilton para reviver Sarah Connor e Arnold Schwarzenegger para interpretar o memorável robô T-800. Impossível não ter uma boa expectativa com esses nomes vinculados ao novo 'Exterminador'. Porém, entretanto, contudo, todavia...
Apesar das conjunções adversativas que finaliza o parágrafo anterior, “Destino Sombrio” está longe de ser ruim, mas, também, está aquém das expectativas criadas. O problema é que o longa está engessado em uma cartilha repetitiva, com uma jornada semelhante aos seus antecessores sem se preocupar com a evolução narrativa: um exterminador é enviado do futuro pela Skynet para matar uma pessoa que será importante; um soldado da resistência é enviado do futuro para proteger a pessoa ameaçada; e muitas perseguições acontecem.
E é assim que a trama se desenvolve, sem grandes mudanças. A estrutura continua a mesma, o que muda são alguns detalhes, como um novo e mais avançado exterminador (REV-9) capaz de se multiplicar, uma nova personagem que é perseguida (mexicana, diga-se de passagem) e uma soldado (mulher) da resistência com impressionantes habilidades militares.
O que poderá incomodar aos mais exigentes é o roteiro que não oferece novidades satisfatórias em relação ao progresso da, digamos, macro-história. Além disso, o texto não dá uma devida importância para a participação de Sarah Connor e nem de T-800. Eles estão na trama mais como fan service. São meros ajudantes, com pouca essência para narrativa. Claro, é divertido vê-los no filme, gera nostalgia, contemplação (com diálogos emblemáticos) e roubam a cena por serem icônicos, mas nada mudaria se fossem outros personagens de apoio para os protagonistas.
É curioso observar que mesmo ignorando os eventos da trilogia nova, “Destino Sombrio” parece se inspirar nela para dar forma aos seus personagens. O novo exterminador REV-9 aparenta ser uma mistura do T-1000 com a T-X, vistos em “O Julgamento Final” e “Rebelião das Máquinas”, respectivamente. A soldado da resistência que deve proteger o novo alvo da Skynet se assemelha ao híbrido visto em “A Salvação”. A própria presença de um T-800 'vovô', embora não tenha uma explicação direta sobre seu envelhecimento, se ancora indiretamente na justificativa convincente que teve em “Gênesis”.
O filme começa com bastante vigor na primeira meia hora, com longos e tensos momentos ininterruptos de ação. Há muito ‘tiro, porrada e bomba’ e perseguição ‘gato-e-rato’ para nenhum fã da franquia botar defeito. As cenas, inclusive, são muito bem conduzidas pelo diretor Tim Miller (“Deadpool”). O cineasta utiliza muita câmera lenta, faz bom uso dos eficientes efeitos visuais, evita que a geografia das cenas fique confusa e proporciona algum impacto em momentos que exigem uma escala maior de ameaça. Nesse quesito, a produção capricha mesmo proporcionando um exagerado terceiro ato.
O fato de não progredir tanto narrativamente pode ser proposital para que isso seja melhor explorado nas possíveis continuações, caso o filme fature bem nas bilheterias. O jeito é esperar e torcer por um sucesso de “Destino Sombrio”. Ah, os dois primeiros 'Exterminadores' ainda continuam inesquecíveis e intocáveis!
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate)
2019, EUA – 128 min
Ação/Ficção Científica
Direção: Tim Miller
Roteiro: Billy Ray, David S. Goyer, Justin Rhodes
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Diego Boneta, Gabriel Luna, Linda Hamilton, Mackenzie Davis, Natália Reyes, Edward Furlong, Enrique Arce, Fraser James
Cotação: * * *

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